Há um enorme paradoxo quando as pessoas falam sobre a sinceridade das crianças.
Normalmente ouvimos as pessoas dizerem que se uma criança está falando é verdade, pois elas são puras, não mentem.
Mas todos sabemos que na verdade as crianças mentem muito, até antes de aprender a falar, aprendem a mentir, manipulando os pais com choro, manha e outras coisas.
Crianças mentem sobre as tarefas da escola, não admitem quando quebram alguma coisa, comem escondidas, enfim, uma infinidade de coisas.
Boa parte das mentiras são ditas por causa do medo. Medo de apanhar, medo de ficar de castigo, medo de tomar bronca e em casos mais graves, medo de morrer.
Por isso depoimentos infantis são utilizados com muito cuidado em casos onde são absolutamente imprescindíveis.
A criança, acuada por ter ouvido um algoz dizer que a mataria se ela contasse o que viu ou aconteceu, tende a mentir, se atrapalhar, mudar versões e deixar as pessoas confusas e impotentes com relação à verdade.
Pessoas diferentes tendem a receber respostas diferentes para as mesmas perguntas e quando confrontadas em público, como em julgamentos, por exemplo, a criança pode “travar” e não falar nada.
Até mesmo em casos de alienação parental os profissionais precisam ser bem treinados e ouvir com atenção todas as partes, pois a criança pode ser manipulada para mentir, prejudicando assim uma das partes e talvez até ela mesma.
O mundo infantil é de difícil interpretação, inclusive para advogados e promotores que precisam de seus depoimentos para esclarecer atitudes ilícitas praticadas por adultos. A criança tem uma característica toda especial para abrir o seu mundo e necessita, para tanto, da presença de profissional da área da psicologia, preferencialmente especializado na área forense, detentor do conhecimento necessário e apto para aplicar as técnicas de entrevista que possam extrair informações espontâneas, compatíveis com os fatos pesquisados.
Boa Semana!