Mesmo sem ainda termos consciência, sem falar, sem ainda andar, temos uma certeza. Vamos morrer.
Pode ser em um acidente de trânsito, um infarto, uma fatalidade, mas o normal é que seja pela idade avançada, acompanhada de doenças que levam a pessoa ao estado de agonia.
Sim, somos frágeis, e ao recebermos o diagnóstico de uma doença incurável, percebemos da forma mais real possível a condição da mortalidade.
O Paciente terminal, ao saber que não há mais nada que possa ser feito inevitavelmente terá medo, angústia, insegurança e muitos outros sentimentos incontroláveis e por isso precisa, para amenizar sua dor emocional o apoio dos familiares e de profissionais da psicologia com especialização hospitalar.
E o trabalho deste profissional não se limita ao paciente, mas também aos familiares, que se sentem impotentes, culpados, normalmente estão despreparados para viver esse tipo de situação e não tem o conhecimento necessário para saber quais intervenções estão sendo feitas e porquê. Tendem a achar sempre que o ente querido está em sofrimento e se desesperam por não poder fazer nada.
É possível observar o aumento crescente da vivência do processo de final de vida nos hospitais. Todos os mais bem referenciados tem a presença de profissionais da área de psicologia para acompanhar os pacientes e familiares. Eles auxiliam tanto no controle do desconforto oriundo da doença como na divisão da responsabilidade dos cuidados com a equipe médica.
Afinal, medidas mais assertivas sobre o processo da terminalidade podem amenizar o sofrimento, assim como passar informações mais simples aos familiares, para que se sintam menos culpados por sua incapacidade de ajuda.
Chamamos de período de agonia os 3 últimos dias de vida do paciente, nos quais as mudanças fisiológicas e o sofrimento emocional são mais evidentes. Por vezes é difícil precisar a chegada deste período, mas os médicos tendem cada vez mais a conseguir atribuir um limite de vida para os pacientes de acordo com a evolução do quadro clínico geral.
Nesta fase a comunicação com o paciente fica muito prejudicada, por vezes impossível e saber quais suas vontades e necessidades se torna bastante complicado, portanto, o foco nesse momento começa a ser maior para a família, comunicando a ela as mudanças no tratamento, motivos para as mudanças e também orientando sobre os próximos passos. Neste momento, o que os familiares desejam é que seu ente querido não sinta dor e amenize seu sofrimento, mas como em muitos desses casos eles já estão em estado de coma induzido, a sensação que se tem é contrária, pois a imagem é mais forte do que as palavras.
A maior parte das doenças que levam o paciente ao estado terminal acabam gerando múltiplas falências em diversos órgãos, causando dificuldade ou impossibilidade da ingestão de alimentos e líquidos, secreções respiratórias, sons e gemidos constantes, boca seca (xerostomia), entre outras coisas.
Quando o paciente não está em coma, nota-se perda cognitiva, ilusão e delírios, confusão mental, perda de memória e etc.
Todos esses fatores levam ao desespero os acompanhantes e familiares e, portanto, o trabalho de informação é fundamental. É preciso entender que o paciente não está passando fome, que forçar comida nessas situações é ainda pior, que mesmo com os gemidos ele não está sentindo dor e do que a alimentação parenteral é feita e qual o motivo de ela estar lá.
Por fim, um psicólogo hospitalar é capacitado para ver cada paciente como um ser único, com emoções e sentimentos exclusivos e que ele é importante para todas as pessoas que lá estão, preocupadas e por vezes devastadas com a certeza de sua perda.
Temos, sim, certeza de que vamos embora, mas queremos ter a certeza do maior conforto possível no momento mais triste de nossas vidas, quando vemos quem amamos indo embora.
Cuidem da sua saúde, cuidem de quem amam, a vida é única e precisa ser vivida da melhor maneira possível.
Boa Semana!