A mentira faz parte da nossa vida. Não há ninguém no mundo que possa dizer “Eu nunca menti”.
Até porque a mentira aparece na fase da infância tenra, quase junto com o medo e com o começo da consciência do que é certo ou errado, bom e mau dentro da cultura que a criança vive.
Ela começa a entender que os mais velhos ficam bravos com determinadas situações e que a sensação de levar uma bronca, ou apanhar é ruim e ainda sem entender muito bem o que estão fazendo, mentem para se livrar da bronca ou dos tapas.
Mas as mentiras das crianças são normalmente fáceis de descobrir.
Me lembro de um caso meu, com a escola.
Logo no começo da minha primeira série do primário, hoje ensino fundamental, esqueci meu caderno de matemática no colégio. No diário, onde a professora passava a lição de casa, tinha lição de matemática para aquele dia. Eu, com 7 anos de idade, sabia que minha avó e minha tia iam brigar comigo se eu contasse que esqueci o caderno na sala e, na inocência de uma criança quis fazer a lição de matemática no caderno de português, porque eu ainda não entendia a diferença entre as matérias, mas para elas era óbvio. Elas descobriram meu plano e não escapei da bronca.
A adolescência, por si, é também um período muito propício às mentiras. Seja pelas notas da escola, seja pelos programas que os jovens querem fazer com os amigos ou encontros, ou por saberem que o que vão fazer vai desagradar os pais, como começar a fumar maconha, por exemplo, ou passar a noite com o namorado ainda secreto para a família.
Claro que algumas dessas mentiras podem trazer consequências graves no futuro, mas via de regra são aceitáveis dentro da normalidade.
Contudo, alguns jovens se sentem pressionados demais por seus pais, seja para tirar notas boas na faculdade, seja para praticar um esporte, ou arrumar um emprego e acabam se desvirtuando da realidade e começam a criar uma vida paralela, baseada nas mentiras.
E as tramas acabam sendo tão complicadas que esse jovem pode se tornar um mentiroso compulsivo e em algum momento da vida, perder o rumo da realidade. Viver uma vida solitária e outra, paralela, onde ele presencia várias cenas, vive situações empolgantes, mas sempre sem testemunhas. E acaba se isolando, pois ao ser confrontado, nunca consegue falar a verdade e vai aumentando cada vez mais suas mentiras.
Existem, também, os mentirosos compulsivos, patológicos, que mesmo tendo uma vida social intensa, por vezes família e emprego fixo, precisam mentir para alguém. Seja para conquistar uma pessoa, mesmo que por uma noite, ou simplesmente para satisfazer o seu ego.
Nesses casos, eles não se preocupam em ser desmascarados, desde que seja sempre depois de terem conseguido o objetivo.
Há, também, as mentiras mais comuns, aquelas que são contadas por falta de coragem, por fraqueza, por dificuldade de assumir seus erros. Medo de perder o emprego, acabar com o relacionamento, destruir uma amizade, entre outras coisas.
São mentiras para acobertar erros no trabalho, uma traição no relacionamento, ou até mesmo para não causar uma confusão familiar. Essas mentiras sempre poderiam ser evitadas, se as pessoas tivessem um pouco mais de empatia e soubessem admitir seus erros. Até porque nesses casos, sempre outra pessoa acaba sofrendo as consequências.
Por fim, existem as mentiras inofensivas, aquelas que são contadas para evitar problemas, desgastes ou discussões desnecessárias e que não fazem mal a ninguém.
Por exemplo, mentir sobre sua posição política no meio de um almoço de família ou não contar para a namorada que antes de dormir tomou uma taça de vinho para pegar no sono, não contar para a amiga ciumenta que almoçou com outra amiga no meio da semana. Coisas assim, que não vão atrapalhar a vida de ninguém e, em contrapartida evitar discussões desgastantes e desnecessárias que não levam a nada. A essas situações, podemos chamar de verdades desnecessárias, aquelas que quando contadas não vão fazer bem a quem conta e se omitidas, não farão mal a ninguém.
Por fim, quase todo mundo cobra, o tempo todo, a verdade. Existe aquela frase pronta que diz que a dor da verdade é melhor do que a ilusão da mentira, ou que prefere as consequências da verdade e etc.
Mas, no fundo, muita gente não sabe lidar com a sinceridade, com a honestidade, de outras pessoas.
Criam expectativas e vivem em uma ilusão baseada no outro e quando são confrontadas com a verdade, não sabem lidar, choram, fazem cena, reclamam, brigam, inventam teorias para não ter que aceitar que sempre souberam a verdade e nunca foram enganadas.
Mas o melhor quase sempre é falar a verdade, para não ser acusado de mentiroso mais tarde, a menos que a verdade vá causar mais problemas do que uma mentira inofensiva…
Boa semana amigos!