Também conhecida como psicose pós-parto, a psicose puerperal é provavelmente o mais grave dos transtornos e, por sorte, o menos frequente, que acomete mães logo depois do nascimento dos seus filhos.
Esse transtorno começa a ser percebido pela equipe médica poucos dias depois da mãe dar a luz à criança, quando ela começa a demonstrar sinais claros de instabilidade emocional, como confusão mental, ou seja, perda da realidade, com alucinações ou delírios, irritabilidade e nervosismo excessivo, pensar e expressar esses pensamentos de forma muito rápida e desconexa, entre outras coisas.
A causa da psicose puerperal pode advir de alguns fatores, como por exemplo a paciente ser portadora de transtorno bipolar, ou ter sido acometida em gravidez anterior pela mesma psicose, ou ainda pode ter abandonado o acompanhamento da gravidez, causando uma sensação de medo e culpa, além de fatores físicos, como a privação do sono, ou desregulação hormonal.
Esse transtorno é muito grave, pois coloca em risco a vida da criança recém-nascida, pois a mãe tem muitos sentimentos distorcidos em relação a essa criança, que podem pular de amor para ódio em questão de minutos, mas também uma confusão e indiferença para com seu rebento, por vezes inclusive o negando.
É possível, também, explicar a psicose, quando entramos no contexto de ser mãe, que para algumas mulheres é uma novidade e por muitas vezes, não houve planejamento e nem desejo pelo nascimento de um filho. Emocionalmente essas mulheres passarão por enormes mudanças, com sentimentos que podem variar de amor para medo, felicidade para tristeza, insegurança e uma perspectiva de ter que abandonar a própria vida. Além disso existe a mudança física, que quando inesperada pode trazer baixa autoestima. A maioria das mulheres acaba conseguindo lidar com todo esse turbilhão, mas nem todas.
Diferente da maioria dos casos de transtornos sobre os quais eu já escrevi por aqui, para preservar a integridade da mãe e da criança, é necessária intervenção psiquiátrica e medicamentosa com urgência.
Depois, dar início ao tratamento psicológico, sem abandonar a medicação e os retornos ao psiquiatra, até que a condição emocional da mãe seja segura para não colocar em risco a vida do filho e dela mesma.
Para quem acha que essa psicose pode ser parecida com a depressão pós-parto, podemos listar diferenças expressivas, como por exemplo o fato da depressão ter início após a chegada da mãe ao lar e se estender por meses, com leve piora no quadro, mas principalmente porque uma das características da DPP ser o medo da mãe machucar seu filho, enquanto na psicose essa situação não existe, pois a mãe nem consegue perceber seus atos e sentimentos, devido a grande confusão que se forma em sua cabeça.
Portanto, mulheres com bipolaridade diagnosticada, gravidez não planejada ou indesejada, que tenham deixado de lado o acompanhamento gestacional, devem sempre avisar a equipe médica antes do parto, para que possíveis problemas possam ser evitados.
Boa semana e até a próxima!