A automutilação é uma forma de expressão de pessoas que de certa forma tentam mascarar a dor emocional, a angústia indescritível e suas cicatrizes, com a lesão física, não letal, mas com marcas permanentes.
Em alguns casos a automutilação é consequência de uma autoestima tão baixa, que a pessoa acaba se cortando para tentar sentir alguma coisa, mesmo que uma dor, pois se considera tão impotente, tão desnecessária, que não consegue lidar com o que enxerga ser sua própria vida, o que podemos chamar de “vazio existencial”.
A falta de diálogo, principalmente em casa, o bullying sofrido na escola ou até mesmo o assédio moral no trabalho são alguns dos fatores que podem desencadear essa atitude, que na grande maioria dos casos atinge meninas, ainda muito jovens, com 12 ou 13 anos e cujo comportamento pode se estender, se não for descoberto ou tratado, até a fase adulta.
Uma pequena parcela das pessoas que se mutilam o fazem pelo que chamamos de contágio, ou seja, quando ela adquire esse comportamento de outra pessoa, seja por imitação, seja para tentar se aproximar, ou até mesmo para fazer parte de um grupo.
É um grande erro achar que uma pessoa se automutila para chamar a atenção, pois quase sempre ela tem vergonha das suas marcas e procura de todas as maneiras possíveis esconder esse comportamento.
O maior desafio para conter, ou prevenir que esses casos aconteçam, é fazer com que jovens consigam ter maturidade emocional suficiente para lidar com os problemas que surgem de todos os lados. Pais ausentes ou violentos, seja com o próprio jovem ou com a mãe ou irmãos, humilhações e até mesmo ataques on-line podem fazer com que esses jovens não consigam lidar bem com as situações e sem a ajuda ou suporte de pessoas mais experientes, pode entrar em colapso e encontrar na automutilação um refúgio ou alívio.
Para identificar os casos de automutilação, precisamos ficar de olho em alguns detalhes, como por exemplos jovens que nunca usam camisetas sem manga, ou até mesmo de manga curta ou bermudas, saias ou shorts, não importa o quanto faça calor. Não aceitam convites para ir à praia, fazer esportes aquáticos, entre outras coisas.
Mais difícil do que identificar os casos, é conseguir ajuda adequada, como muitas vezes o problema que acarreta a atitude do jovem está em casa, falar para os pais pode ser mais perigoso do que manter o fato escondido. Se o problema está na escola, a ajuda precisa vir da direção, fazendo com que o bullying pare imediatamente e aplicando sanções aos abusadores, mas o mais importante mesmo é orientar os jovens a buscar ajuda psicológica. Sem uma terapia adequada, as cicatrizes podem ser mais profundas do que as vistas na pele e podem levar a uma vida adulta repleta de problemas, falta de amor próprio e sentimento de inadequação.
Cuidado! Não deixem as crianças se perderem emocionalmente, sejam presentes, ajudem, perguntem, deem carinho e atenção, sejam compreensivos e ajudem, ao invés de criticar, reclamar, agredir e abandonar.
E os jovens afetados, procurem ajuda, imediatamente!
Boa Semana!