Para falar sobre algumas das causas da depressão é preciso frisar duas coisas muito importantes. Primeiro, depressão é uma doença séria, mortal e precisa de atendimento médico e medicação. Segundo, há uma enorme diferença entre tristeza, desmotivação e tantas outras coisas que tratamos como estado depressivo e depressão.
Isto posto podemos começar a falar sobre uma das causas mais comuns e talvez a mais perigosa, que é justamente a ausência aparente de qualquer motivo para o início da depressão. Alterações nos neurotransmissores da sensação de bem-estar causam depressão sem que o sujeito saiba; Simplesmente sente uma tristeza sem motivo, desmotivação, falta de vontade de sair de casa, mas ao mesmo tempo angustia por não sair, uma vontade incontrolável de ficar sem fazer nada, mesmo com muitas atividades disponíveis e etc.
Esse cenário cria no sujeito uma vulnerabilidade preocupante, pois ele fica suscetível a atitudes perigosas como automutilação, desejo de morte, falta d apetite e etc. Contudo o problema se agrava ainda mais porque pessoas ao redor, por não verem um motivo aparente para esse estado, acabam classificando como frescura, ou como uma forma de “chamar a atenção”. Nesse caso a medicação vai atuar nesses neurotransmissores, causando quimicamente a sensação de bem-estar.
Outro fator comum para o surgimento de uma depressão é o luto. Seja pela morte de um ente querido, seja pelo fim de um relacionamento ou até mesmo pelo fim de um ciclo profissional. Quando a pessoa não consegue superar de forma natural qualquer um desses casos, o estado depressivo evolui para a depressão e existe a necessidade de medicação e é aconselhável o acompanhamento psicológico. A medicação nos casos de depressão não deve ser ministrada por um prazo superior a 6 meses, para não criar dependência no paciente. Portanto, as sessões de terapia têm um valor inestimável no tratamento e recuperação. Com a terapia o paciente vai voltar a enxergar a vida com novas possibilidades, entendendo que quem foi já cumpriu o seu papel, que relacionamentos acabam, mas podem ser para melhorar a vida e até que o fim do ciclo profissional pode ser a chave para um crescimento. Escrever isso tudo é muito fácil, mas praticar sem a ajuda profissional é um caminho penoso e por vezes inatingível.
Por fim, outro fator que deve ser citado são as doenças graves, como câncer, HIV, entre outras. Doenças que deixam o paciente temeroso pela própria vida e sem esperança de cura ou medo excessivo de falha no tratamento. Esses casos são muito complicados, pois em grande parte o paciente tem razão. O que ele normalmente não consegue é entender que é preciso aproveitar o máximo possível os dias que restam, acreditar e batalhar para que a cura seja eficiente, ou ao menos que seja suficiente para prolongar o máximo possível o tempo que resta.
Nesse caso nem toda medicação é recomendada, mas o tratamento psicológico é de suma importância, para que o indivíduo entenda que mesmo a mais saudável das pessoas pode ir embora a qualquer momento e que ficar em casa ou em uma cama se lamentando pelo pouco tempo que resta, vai diminuir ainda mais esse mesmo tempo. Nosso trabalho é fazer o paciente entender que cada dia é uma vitória e uma possibilidade e que devemos gratidão a cada amanhecer.
Se você se enquadra em qualquer um desses casos, ou conhece alguém que possa estar em depressão, procure ajuda. Depressão, infelizmente, mata.