DEPENDÊNCIA

Em virtude das minhas férias, semana passada não teve post, mas estou de volta e para falar de um assunto interessante, que originalmente seria publicado na segunda passada. A dependência.

Quando falamos em dependência, não nos referimos apenas à dependência química, mas além dela, toda e qualquer situação em que o indivíduo se vê com dificuldade de seguir adiante sozinho, tomar decisões por si só, conseguir dormir sem precisar de um medicamento ou até mesmo encarar o dia sem precisar de um incentivo.

Ser dependente significa não ter autonomia na maior parte da própria vida sem precisar de artifícios externos, sejam eles o uso de drogas, álcool, cigarros ou pessoas.

Vamos tentar focar para efeito do artigo nos dependentes químicos, sejam as drogas fracas, como a maconha, por exemplo, ou mais fortes e devastadoras, como a heroína.

O que sempre me gerou questionamento foi o motivo, a razão pela qual uma pessoa usa qualquer alucinógeno, sabendo que há um risco para a saúde, afim de se sentir melhor. Por muitas vezes pensei em solidão, mas não faz sentido, porque a maioria dos dependentes faz uso da droga em grupos. Pensei, então, em aceitação, utilizando a “rebeldia” para fazer parte do grupo das pessoas legais e descoladas, o que me pareceu fazer mais sentido. Mas ainda assim não me senti satisfeito, pois existem muitos outros grupos em que nada disso é necessário e, até ao contrário, grupos que repelem pessoas dependentes.

Então me deparei com uma resposta que me pareceu ser mais apropriada. Fuga. Sim, fuga de si mesmo, seja naquele momento, em que um “baseado” vai desligar uns neurônios e trazer sensação de paz, felicidade, companheirismo entre outras coisas, fugindo da realidade mais sombria da timidez, do embaraço ou das mazelas do dia a dia. E nos casos mais extremos, a fuga completa da realidade, usando drogas mais pesadas que literalmente tiram o sujeito do ar, removem o presente, o passado e o futuro, dando uma falsa sensação de bem estar. E esse é o maior dos problemas, pois a dependência se consuma quando não é mais possível viver a realidade, quando fica impossível olhar para si mesmo no espelho, fica impossível acordar e aceitar que a realidade não é composta pelo vazio da ilusão.

O grande dilema é descobrir quando a pessoa se vê em uma situação tão grave a ponto de embarcar nessa ideia, porque o mais difícil não é identificar os motivos e sim quando os motivos começaram a gerar a necessidade da fuga.

Além disso, é fundamental conseguir diferenciar aqueles que podem e conseguem viver muito bem por dias, meses e até anos sem dar uma tragada e eventualmente em uma reunião de amigos fumam um “baseado” para descontrair, daqueles que efetivamente precisam dele para conseguir fazer qualquer movimento pessoal.

Por fim, vamos ajudar e pedir ajuda, pois sozinhos somos muito fracos perante qualquer dependência.

Boa Semana!