Muitas pessoas já ouviram falar e muitas mulheres já passaram pela temida depressão pós-parto.
Contudo, poucas pessoas conhecem ou se solidarizam com a depressão pós-adoção, talvez por não entender que assim como a mãe que desejava demais ter um filho passe pela depressão pós-parto, aquelas que impossibilitadas fisicamente para a gestação, possam passar por problema semelhante após realizar o sonho da maternidade, mesmo que com uma criança que não foi gerada por ela.
Por ser menos conhecida e comentada, muitas mães não sabem o que estão passando e tem medo ou receio de procurar ajuda e serem vistas como más mães, relapsas ou impotentes, quando na verdade o ato de procurar ajuda, principalmente emocional, faz dela uma mãe que transborda amor.
A depressão pode ocorrer por diversas razões, entre elas o choque entre a expectativa gerada antes da adoção com a realidade dos primeiros dias da nova vida.
A mãe pode imaginar que será extraordinária, fantástica, também que terá um amor recíproco da criança já nos primeiros momentos, além de esperar apoio total da família e é possível que ela descubra que nada disso vai acontecer do jeito que ela esperava.
Vai encontrar falhas em si mesma, se culpar, não sentir a reciprocidade da criança e por muitas vezes se ver sozinha no meio de situações difíceis para uma mãe de primeira viagem.
Toda essa frustração, pode causar a depressão.
E ainda existem fatores externos que podem causar a doença, como por exemplo imaginar que não sente o amor que esperava sentir pela criança e ver uma enorme culpa cair sobre si mesma, ou ainda olhar para a criança e reviver toda a luta e tristeza causada pela infertilidade, seja dela ou do parceiro. Pode, ainda, em alguns momentos imaginar a dor da mãe biológica e pensar que roubou o maior amor que uma pessoa poderia ter, mesmo sabendo que o processo de adoção foi legitimo e que a criança está melhor agora.
Se a criança adotada for maior ou até mesmo perto da adolescência, ainda surge a dificuldade de lidar com um ser humano que veio de lugares diferentes, com características diferentes e que vai precisar passar por uma mudança brusca que nem sempre é bem vista.
Como pudemos perceber nessas poucas linhas, a depressão pós-adoção é real, perigosa e, ao contrário do que se imaginava, tem muitos motivos para aparecer.
É fundamental receber o apoio das pessoas próximas, em muitas vezes buscar auxílio médico com fármacos que ajudem a controlar o estado depressivo e acima de tudo, indispensável o trabalho na terapia, onde a mãe vai aos poucos se preparando para os novos desafios, deixando de lado as expectativas e frustrações e entendendo que a realidade por vezes não é tão bonita quando o sonho, mas que jamais pode ser vista como um pesadelo.
Sabendo de tudo isso, é aconselhável aos pais que desejam adotar uma criança, que já procurem grupos de apoio com outros pais que passam pela mesma situação, busquem informações e não sejam pegos de surpresa pelas dificuldades emocionais.
Adotou uma criança e não se sente feliz? Não se puna, procure ajuda! Marque sua consulta!