A vida tem um ciclo natural, todos sabemos que um dia vamos partir, as pessoas que amamos vão partir e mesmo tendo esse conhecimento, é impossível evitar a dor dessas perdas.
Dentro desse ciclo natural, espera-se sempre que as pessoas mais velhas encerrem seu ciclo antes dos mais jovens, em outra palavra, filhos enterram seus pais.
Mas nem sempre essa regra é seguida e quando existe essa inversão, a dor e o sofrimento são ainda maiores.
E mesmo nos casos em que os pais vão embora antes, muitas vezes é um rompimento que acontece cedo demais.
Em todos os casos citados acima, quem permanece em vida precisa passar por uma etapa importante, necessária e inevitável, que é o luto.
Cada indivíduo tem sua forma particular de lidar com as perdas, seu próprio tempo para cada uma das fases, até voltar a levar a vida da forma mais natural, dentro do possível.
O primeiro estágio do luto é a negação.
Quando recebe a notícia de que uma pessoa amada se foi, a primeira reação é negar o fato, dizer que é impossível, que não é verdade, que a informação é irreal, que foi um erro. O sujeito não quer aceitar e nem tentar aceitar a realidade. Essa reação é uma manifestação inconsciente de proteção contra uma verdade que pode destruir a pessoa emocionalmente. Pessoas em fase de negação tendem a procurar o isolamento. Esse estágio pode durar minutos, horas, dias ou semanas, em casos de perdas mais improváveis.
O segundo estágio, e talvez o mais intenso, é a raiva. A pessoa acumula muitos sentimentos negativos ao mesmo tempo. Frustração, culpa, medo, angústia e desespero podem deixar a pessoa muito agressiva, descontando em quem tenta consolá-la sua raiva, destruindo objetos, propriedades ou agredindo fisicamente ou verbalmente pessoas estranhas ou colegas de trabalho, escola ou familiares. Normalmente a pessoa não consegue identificar essa agressividade, por estar transtornada com a situação.
A terceira fase é a barganha, ou negociação. É um estágio solitário no qual as pessoas enlutadas tentam negociar com uma entidade superior ou consigo mesmas a diminuição da dor. Normalmente elas clamam por situações impossíveis, como pedir para Deus que ele devolva um filho ou uma mãe a leve em seu lugar. Nesse estágio as pessoas tendem a se culpar por coisas que não fizeram, ou que gostariam de fazer diferente, numa tentativa ilusória de mudar a situação. Coisas como “Se eu não tivesse deixado ela sair de casa” ou “Se eu o tivesse levado ao hospital antes” entre outras possibilidades.
O Quarto estágio é o mais preocupante. A Depressão. Este estágio
que pode durar meses, até mesmo anos ou em casos mais graves pode ser o último
estágio, impedindo a pessoa de chegar no 5º estágio, que é a aceitação da
morte.
Nele existe um grande sofrimento, uma tristeza imensurável que impede o
enlutado de seguir em frente. Essa dor funciona como um “combustível” para a
depressão. Choro copioso e frequente, isolamento dos demais membros da família
e da sociedade e uma saudade que não passa são os sinais de que a fase da
depressão chegou.
Quando se percebe que a pessoa já passou mais de um mês nesse estágio, elas precisam, via de regra, procurar ajuda psicológica para passar ao próximo estágio.
O último estágio, como escrevi acima, é a aceitação. Nessa fase a pessoa percebe a nova realidade, entende que a pessoa amada não vai mais voltar e que sua vida precisa ser ajustada para essa nova realidade e seguir em frente.
Depois que toda angústia e os demais sentimentos negativos passaram, fica uma sensação de paz, de entendimento que a vida segue o seu rumo.
É importante lembrar que a aceitação não apaga a pessoa querida da sua vida, não apaga as boas lembranças e nem vai acabar com a saudade, isso vai permanecer para sempre, pois pessoas queridas sempre fazem parte da nossa história.
Boa Semana e até a próxima!