– Lugar de louco é no manicômio!
Essa frase, ainda usada com menor frequência hoje em dia, já foi não só muito utilizada, como colocada em prática em anos remotos.
Eu, quando estava na faculdade, por um ano inteiro frequentei dois manicômios e posso afirmar com todas as letras que a luta do CRP para acabar com os manicômios é fundamental.
Primeiro porque não é sequer possível definir quem é louco e quem não é. Precisamos, sim, entender e trabalhar na cura das doenças mentais e para aquelas que a cura parece ser improvável, trabalhar no tratamento.
Vi pessoas abandonadas pelas famílias, discriminadas, maltratadas por falta de verba, literalmente jogadas à morte.
E, acreditem, era ainda pior. No começo do século existiam os manicômios que abrigavam quase 5000 pessoas, quando o limite não chegava nem perto disso. Mas o pior é que usavam os manicômios como lugares de despejo para todo tipo de pessoa considerada indesejável. Estima-se que apenas 30% das pessoas que ficavam nos manicômios tinham algum problema mental. As demais eram abandonadas por suas famílias em virtude de deficiências físicas, ausência de religião, cor da pele ou condição social, homossexuais, mulheres vítimas de estupro, todos tratados como aberrações.
Assim como na Alemanha nazista, nossos manicômios foram comparados com os campos de concentração, de onde praticamente ninguém saía vivo.
Depois de muitas denúncias e de conseguir convencer os governantes do óbvio, ou seja, que o tratamento dado àquelas pessoas não era normal, a cultura começou a mudar.
A instituição dos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), foi um passo importante, mas ainda há muito a ser feito e combatido.
Hoje os hospícios, como eram chamados, estão quase todos fechados e com dias contados, mas o combate ao preconceito precisa ser feito todo dia, a educação e o respeito pelos seres humanos que possuem qualquer distúrbio mental precisam ser discutidos e legalmente amparados.
Não podemos deixar pessoas abandonadas à própria sorte por terem uma condição diferente da convencionada como “normal”, é preciso incluir e não separar, é preciso tratar e não abandonar.
Não aos manicômios!
Até a semana que vem!