Múltiplas Personalidades

O transtorno dissociativo de identidade, também conhecido como o transtorno de múltiplas personalidades, é raro e com tratamento bastante complicado e especializado.

Filmes como “Fragmentado”, mais atual ou “As duas faces de um crime”, mais antigo, ou o clássico Psicose, mostram um personagem com duas ou mais personalidades distintas, mas não só a personalidade e sim como se houvessem outras “vidas” na mesma pessoa.

A divisão das personalidades em alter egos se dá principalmente em virtude traumas com os quais as pessoas não conseguem lidar. Assim o indivíduo cria o chamado mecanismo de defesa para fugir de situações estressantes ou traumáticas que sua personalidade primaria não consegue mais suportar.

Não há um número limitado de personalidades que a mente pode criar para um único indivíduo, mas quanto maior o número de personalidades, mais raros os casos. O mais comum é que seja dissociado em duas ou três, com nomes diferentes, idades diferentes, gênios diferentes, sexo diferente e etc.

As pessoas chamadas normais, conseguem, independente do grau da frustração com qualquer situação, ter controle de si mesmas, suas lembranças, ou, como no caso de traumas graves, “esconde” as lembranças no inconsciente e segue a vida.

Já quem tem TDI troca de personalidade involuntariamente de acordo com cada situação e não se lembra de absolutamente nada que fez ou falou quando muda para outra personalidade. O paciente nem sabe que existe outra, ou outras “pessoas” que tomam conta de seus atos de acordo com o momento. As personalidades são independentes entre si e apesar de por vezes “se conhecerem”, acham que são outras pessoas, mesmo que ele não as veja.

Um fator complicador para o tratamento é que além do próprio TDI cada personalidade pode apresentar outro ou outros transtornos, como por exemplo depressão, TOC, Ilusão e etc. Ou seja, uma personalidade pode ser obcecada por organização, enquanto outra personalidade pode ser desleixada e estar em estado de depressão e etc. E o mais perigoso, uma das personalidades ser potencial suicida e acabar causando uma tragédia ainda maior.

Apesar de pouco frequente o TDI pode surgir também já na fase adulta. Há um estudo de caso, inclusive, muito interessante de um fato que ocorreu na Alemanha há alguns anos. Uma mulher de 33 anos que ficou cega após um acidente de carro ocorrido 13 anos antes, voltou a enxergar durante uma sessão de terapia, quando a personalidade de um garoto tomava conta da sua mente. Em virtude disso foram feitos vários outros exames e descobriu-se que a cegueira era emocional, psicológica e o mais incrível, depois do acidente o inconsciente criou uma dezena de personalidades e apenas a do garoto conseguia enxergar.

Apesar de existirem ainda muitas lacunas e muito a ser estudado, percebe-se a prevalência de casos de acordo com cada cultura e forma de lidar com os traumas e abusos.

E, infelizmente, mulheres são  a maioria no total dois casos, o que tem relação direta com o abuso e violência sofrida por elas, principalmente na infância, o que faz com que se crie o trauma e consequentemente a dificuldade do consciente em viver aquela situação, criando personalidades que vão combater aquela lembrança.

Apesar do tratamento ser complicado, a identificação dos pacientes é relativamente simples, pois é fácil notar quando uma pessoa muda de comportamento, tom de voz, postura, atitudes e etc com uma frequência preocupante. Por isso pessoas próximas são as mais habilitadas para identificar o caso e levar ao psiquiatra, já que o próprio paciente desconhece suas outras personalidades.

Além da medicação para evitar automutilação, entre outros problemas, o trabalho terapêutico é fundamental para que o paciente aos poucos descubra e vá se recuperando dos traumas, se estabilizando e “juntando” suas personalidades em uma só e “expulsando” ou “invasores”

É pessoal, as vezes a vida real parece um filme e o que achamos que só existe na ficção pode estar bem perto de nós.

Obrigado e até a semana que vem!