Violência Doméstica

Depois de um dia cheio, cansativo, tudo o que a maioria das pessoas quer, é chegar em casa para poder fazer suas tarefas e depois descansar. Mas para algumas mulheres, o fato de chegar, ou ficar em casa, pode ser um pesadelo.

Ela pode ser vítima de violência doméstica, quando maridos, namorados, vizinhos ou qualquer outro morador da residência causa a ela morte, lesão, sofrimento físico, emocional ou sexual ou ainda dano moral ou do patrimônio.

Cerca de 20%, e isso é um número gigantesco, das mulheres no Brasil sofre, ou já sofreu alguma forma de violência dentro da própria casa, cometida por um homem e desse total, 80% foram cometidas pelo próprio parceiro, ou ex-parceiro inconformado com o término do relacionamento.

E esses números podem ainda ser piores, pois a estimativa é de que grande parte das mulheres que sofrem com a violência doméstica e conseguem sobreviver, não se reportam à polícia ou outras autoridades.

O medo de uma retaliação ainda maior e mais violenta, o desamparo, falta de outra moradia, a ineficiência do Estado em proteger as vítimas ou garantir que o homem cumpra os mandados de distância  ou não ter outro sustento para si e para os filhos são os maiores responsáveis pelo silêncio de boa parte das mulheres.

A violência doméstica não pode ser tratada como fato isolado, como um momento de descontrole ou impulsividade. O homem que agride sua mulher e não é abordado, vai repetir sua atitude e provavelmente com mais violência, para sempre.

Por isso, é fundamental denunciar e incentivar colegas, amigas e outras mulheres a fazerem o mesmo.

A violência familiar, não é apenas um problema particular, é um problema social e não atinge apenas mulheres de classes sociais inferiores, etnia, ou opção religiosa.

O machismo não enxerga dinheiro e nem educação, ele está arraigado na sociedade e precisa ser duramente combatido, caso contrário sempre encontrarão justificativas para as agressões e a vítima vai continuar sendo vista como culpada por boa parte das pessoas, afinal, sempre existirão aqueles que vão dizer que a mulher “não apanhou por acaso” ou “ As mulheres apanham porque gostam ou porque provocam.”

Nenhuma mulher gosta de apanhar, na verdade elas esperam que a violência acabe, que o parceiro mude, ou que tenham recursos para poder se sustentar ou sustentar seus filhos.

Além disso, engana-se quem acha que é fácil saber quando uma mulher é vítima de violência doméstica. Parceiros que parecem perfeitos e mulheres que em público só emitem sorrisos, podem muito bem ter uma realidade muito diferente dentro de casa.

Desde o ano de 2006, existe a chamada lei Maria da Penha, que criou mecanismos para coibir a violência familiar e doméstica. E mesmo que ainda não seja completamente eficiente, já ajudou centenas de milhares de mulheres pelo Brasil afora.

Não se cale, denuncie!

Anuptafobia

É bastante comum, infelizmente, pessoas desagradáveis dizerem para pessoas solteiras, mulheres mais frequentemente, a frase: “Se não casar logo, vai ficar para titia.”

Boa parte das pessoas, felizmente, conseguem ignorar comentários desnecessários como esse, mas algumas acabam internalizando esse sentimento e são acometidas pela Anuptafobia, que é o medo irracional de não encontrar um parceiro, ou parceira.

Nesses casos, arrumar um namorado deixa de ser um desejo e passa a ser uma obsessão.

Pessoas solteiras e na casa dos 30 anos de idade são as mais afetadas por esse distúrbio. Em virtude de fatores culturais e sociais, como escrevi no começo, mulheres são mais propensas à Anuptafobia, pois ainda hoje o homem solteiro nessa faixa de idade ainda é visto com bons olhos. Os homens normalmente são julgados por seu sucesso profissional, enquanto as mulheres são julgadas pejorativamente se não são esposas e mães.

Normalmente esse transtorno vem acompanhado de outros, como depressão ou ansiedade generalizada e outros fatores negativos, como insegurança, baixa autoestima, carência afetiva, entre outros problemas.

Em países como o Brasil, onde as mulheres ainda sofrem demais por suas escolhas, o receio de ficar solteira chega a ser compreensível, mas quando esse receio se transforma em medo profundo, a vida da pessoa se transforma e não existe nada mais importante do que arrumar um par, se possível casar e ter filhos.

E o pior, como disse acima, é que essa cobrança além de ser interna, vem de fora, da família, amigos, pessoas da igreja e etc., que ficam o tempo todo cobrando um relacionamento, como se fosse impossível uma pessoa ser feliz sem depender da presença de um par.

O período da vida entre 30 e 40 anos também é um fator limitante quando se pensa em gravidez. Apesar dos avanços tecnológicos, ainda é um tabu para mulheres acima dos 40 anos terem filhos, o que também contribui para a Anuptafobia.

Para identificar uma pessoa com esse distúrbio, alguns fatores são importantes:

  • Vitimização excessiva por não ter um par.´
  • Sentimento excessivo de solidão, mesmo tendo família, amigos e colegas por perto.
  • Não conseguem se divertir, nem socializar sem a presença de seu parceiro.
  • Necessidade exacerbada de exibir o parceiro em redes sociais ou círculos de amizade.
  • Sentimento de incapacidade e estado depressivo após o término de um relacionamento.
  • Promiscuidade
  • Identificação de pessoas em locais públicos como sendo “solteironas” ou acompanhadas, entre outras coisas.

Como em todos os transtornos, doenças mentais ou distúrbios, o melhor tratamento para a Anuptafobia é a terapia, onde o profissional vai ajudar os pacientes a enxergarem melhor todo o contexto, elevar a estima e ensinar sobre o amor-próprio.

Afinal é absolutamente impossível ser feliz ao lado de alguém, se você não é feliz consigo mesmo!

Múltiplas Personalidades

O transtorno dissociativo de identidade, também conhecido como o transtorno de múltiplas personalidades, é raro e com tratamento bastante complicado e especializado.

Filmes como “Fragmentado”, mais atual ou “As duas faces de um crime”, mais antigo, ou o clássico Psicose, mostram um personagem com duas ou mais personalidades distintas, mas não só a personalidade e sim como se houvessem outras “vidas” na mesma pessoa.

A divisão das personalidades em alter egos se dá principalmente em virtude traumas com os quais as pessoas não conseguem lidar. Assim o indivíduo cria o chamado mecanismo de defesa para fugir de situações estressantes ou traumáticas que sua personalidade primaria não consegue mais suportar.

Não há um número limitado de personalidades que a mente pode criar para um único indivíduo, mas quanto maior o número de personalidades, mais raros os casos. O mais comum é que seja dissociado em duas ou três, com nomes diferentes, idades diferentes, gênios diferentes, sexo diferente e etc.

As pessoas chamadas normais, conseguem, independente do grau da frustração com qualquer situação, ter controle de si mesmas, suas lembranças, ou, como no caso de traumas graves, “esconde” as lembranças no inconsciente e segue a vida.

Já quem tem TDI troca de personalidade involuntariamente de acordo com cada situação e não se lembra de absolutamente nada que fez ou falou quando muda para outra personalidade. O paciente nem sabe que existe outra, ou outras “pessoas” que tomam conta de seus atos de acordo com o momento. As personalidades são independentes entre si e apesar de por vezes “se conhecerem”, acham que são outras pessoas, mesmo que ele não as veja.

Um fator complicador para o tratamento é que além do próprio TDI cada personalidade pode apresentar outro ou outros transtornos, como por exemplo depressão, TOC, Ilusão e etc. Ou seja, uma personalidade pode ser obcecada por organização, enquanto outra personalidade pode ser desleixada e estar em estado de depressão e etc. E o mais perigoso, uma das personalidades ser potencial suicida e acabar causando uma tragédia ainda maior.

Apesar de pouco frequente o TDI pode surgir também já na fase adulta. Há um estudo de caso, inclusive, muito interessante de um fato que ocorreu na Alemanha há alguns anos. Uma mulher de 33 anos que ficou cega após um acidente de carro ocorrido 13 anos antes, voltou a enxergar durante uma sessão de terapia, quando a personalidade de um garoto tomava conta da sua mente. Em virtude disso foram feitos vários outros exames e descobriu-se que a cegueira era emocional, psicológica e o mais incrível, depois do acidente o inconsciente criou uma dezena de personalidades e apenas a do garoto conseguia enxergar.

Apesar de existirem ainda muitas lacunas e muito a ser estudado, percebe-se a prevalência de casos de acordo com cada cultura e forma de lidar com os traumas e abusos.

E, infelizmente, mulheres são  a maioria no total dois casos, o que tem relação direta com o abuso e violência sofrida por elas, principalmente na infância, o que faz com que se crie o trauma e consequentemente a dificuldade do consciente em viver aquela situação, criando personalidades que vão combater aquela lembrança.

Apesar do tratamento ser complicado, a identificação dos pacientes é relativamente simples, pois é fácil notar quando uma pessoa muda de comportamento, tom de voz, postura, atitudes e etc com uma frequência preocupante. Por isso pessoas próximas são as mais habilitadas para identificar o caso e levar ao psiquiatra, já que o próprio paciente desconhece suas outras personalidades.

Além da medicação para evitar automutilação, entre outros problemas, o trabalho terapêutico é fundamental para que o paciente aos poucos descubra e vá se recuperando dos traumas, se estabilizando e “juntando” suas personalidades em uma só e “expulsando” ou “invasores”

É pessoal, as vezes a vida real parece um filme e o que achamos que só existe na ficção pode estar bem perto de nós.

Obrigado e até a semana que vem!

Acluofobia

Talvez você nunca tenha ouvido falar essa palavra anteriormente, mas esse é um dos medos mais comuns que existem. Medo doentio ou exagerado do escuro, da escuridão ou da obscuridade.

Mais comum em crianças, a acluofobia pode persistir até a fase adulta, ou ser desencadeada tardiamente através de traumas.

Para que seja considerado patológico, o medo do escuro precisa ser classificado como exagerado, um sentimento incapacitante, um verdadeiro horror à escuridão.

Quando não é patológico, esse medo se dissipa facilmente com o passar do tempo e em alguns anos a criança deixa de sentir medo e pode ter uma vida normal em relação ao escuro.

Uma das consequências físicas que acometem, principalmente as crianças com acluofobia é o mal funcionamento do esfíncter, que é a explicação para aquelas que urinam na cama.

A dificuldade, ou impossibilidade de enxergar no escuro causa o medo e acaba fazendo com que a criança não consiga levantar ou permanecer no escuro, com medo de que exista algo, ou alguém à espreita e como não consegue ver, obviamente não poderá se defender.

Quando o medo começa a ficar mais latente em uma idade um pouco mais avançada, 3 ou 4 anos, várias podem ser as causas da acluofobia, começando pelos próprios pais, ou tutores, que incentivam o medo, falando sobre o “bicho-papão”, homem do saco ou outros bandidos e perigos.

Já no final da infância, filmes de terror ou programas violentos podem fazer a criança ficar assustada e com medo durante a noite. Ela se sente segura com os olhos fechados e tem medo de ao abri-los não conseguir enxergar nada, ou pior, dar de cara com assombrações ou qualquer outra coisa sobrenatural.

Um fato interessante é que a grande maioria dos adultos acluofóbicos, cerca de 85%, são homens. E o medo patológico pode atrapalhar, inclusive, a vida sexual de casais, quando o homem não consegue ficar no escuro e a mulher prefere apagar as luzes.

Em casos muito raros, a patologia pode inclusive levar à morte pelo descontrole emocional, que pode causar falta de ar, arritmia, tremor incontrolável e falta de ar em ambientes escuros e, principalmente, se além de escuros são fechados e pequenos, combinando assim a acluofobia com claustrofobia.

A ansiedade causada pela tensão de que a qualquer momento a luz pode acabar, ou ser obrigado a ficar em um lugar escuro, como uma sala de cinema, por exemplo, pode causar depressão e perda enorme da qualidade de vida, pois o sujeito abre mão de várias atividades por se recusar a sair depois do anoitecer.

O indivíduo portador tem dificuldade ou não consegue sequer dormir sozinho o que causa problema não só para ele, mas para a família e pessoas ao seu redor, além, claro, de ser um fator limitante para atividades pessoais, como viagens longas ou participar de eventos noturnos.

A solução? Terapia! Caso conheça alguém com os sintomas, ou se veja nessas situações, procure ajuda o mais rápido possível e tenha uma vida mais saudável e com qualidade!

Obesidade Infantil

Nós, adultos, sabemos como é difícil perder peso, depois que exageramos em alguns dias, ou até mesmo durante semanas ou meses, na alimentação errada, falta de exercícios e sedentarismo.

Se para nós, que temos que lidar com a vaidade, o conhecimento sobre os problemas de saúde e tantas outras coisas é difícil ter controle, imagina para crianças, que por vezes apenas conhecem a sensação de prazer que os alimentos trazem.

Segundo a OMS, mas de 40 milhões de crianças com menos de 5 anos já estão acima do peso considerado ideal, tantos nos países mais desenvolvidos, como nos mais pobres.

Isso se dá porque culturalmente a maioria dos pais só se preocupa com o peso das crianças, quando elas são magrinhas, mas não se importam quando elas estão gordinhas, ao contrário, imaginam que isso significa que elas estão saudáveis.

Esse erro comum, acarreta muitas consequências ruins para o futuro. Diversas doenças podem surgir já na tenra infância, como diabetes, hipertensão e problemas osteoarticulares. Além disso, com o passar do tempo podem surgir problemas emocionais, baixa autoestima e consequente diminuição na qualidade de vida.

O tratamento da obesidade infantil não é simples. Precisa começar com os pais, ou responsáveis, que devem identificar o problema e começar a trabalhar na mudança dos hábitos alimentares da família.

Isso significa que não é apenas colocar a criança para fazer um regime e perder peso. Essa atitude normalmente não tem resultado e a tendência é que o peso perdido no regime seja recuperado posteriormente, além de chances de trazer consigo outros transtornos alimentares.

É preciso comer menos e gastar mais energia, de forma constante e orientada. Essa mudança deve ser não apenas alimentar, mas no estilo de vida, com alimentação regular, em horários corretos e preferencialmente em família, ou seja, não deixar a criança comer olhando para o celular ou para a televisão.

O celular, ou qualquer outra tela, também é vilão nessa história, pois quanto mais tempo a criança passa com ele, menos se exercita, fica ao ar livre e em contato com alimentos saudáveis, preferindo fast-food ou coisas práticas, como salgadinhos e sem teor nutritivo correto.

Famílias com pais obesos, ou que ao longo do começo começam a ganhar mais peso do que deveriam, tendem a criar filhos similares, pois o exemplo serve não apenas para a educação comum, mas também para a educação alimentar.

Afinal, de nada adianta dizer para a criança pegar uma maçã na geladeira, se você estiver com um sanduíche e um pacote de batas fritas na mão.

Cuidem-se e cuidem dos seus pequenos!

Luto

A vida tem um ciclo natural, todos sabemos que um dia vamos partir, as pessoas que amamos vão partir e mesmo tendo esse conhecimento, é impossível evitar a dor dessas perdas.

Dentro desse ciclo natural, espera-se sempre que as pessoas mais velhas encerrem seu ciclo antes dos mais jovens, em outra palavra, filhos enterram seus pais.

Mas nem sempre essa regra é seguida e quando existe essa inversão, a dor e o sofrimento são ainda maiores.

E mesmo nos casos em que os pais vão embora antes, muitas vezes é um rompimento que acontece cedo demais.

Em todos os casos citados acima, quem permanece em vida precisa passar por uma etapa importante, necessária e inevitável, que é o luto.

Cada indivíduo tem sua forma particular de lidar com as perdas, seu próprio tempo para cada uma das fases, até voltar a levar a vida da forma mais natural, dentro do possível.

O primeiro estágio do luto é a negação.

Quando recebe a notícia de que uma pessoa amada se foi, a primeira reação é negar o fato, dizer que é impossível, que não é verdade, que a informação é irreal, que foi um erro. O sujeito não quer aceitar e nem tentar aceitar a realidade. Essa reação é uma manifestação inconsciente de proteção contra uma verdade que pode destruir a pessoa emocionalmente. Pessoas em fase de negação tendem a procurar o isolamento. Esse estágio pode durar minutos, horas, dias ou semanas, em casos de perdas mais improváveis.

O segundo estágio, e talvez o mais intenso, é a raiva. A pessoa acumula muitos sentimentos negativos ao mesmo tempo. Frustração, culpa, medo, angústia e desespero podem deixar a pessoa muito agressiva, descontando em quem tenta consolá-la sua raiva, destruindo objetos, propriedades ou agredindo fisicamente ou verbalmente pessoas estranhas ou colegas de trabalho, escola ou familiares. Normalmente a pessoa não consegue identificar essa agressividade, por estar transtornada com a situação.

A terceira fase é a barganha, ou negociação. É um estágio solitário no qual as pessoas enlutadas tentam negociar com uma entidade superior ou consigo mesmas a diminuição da dor. Normalmente elas clamam por situações impossíveis, como pedir para Deus que ele devolva um filho ou uma mãe a leve em seu lugar. Nesse estágio as pessoas tendem a se culpar por coisas que não fizeram, ou que gostariam de fazer diferente, numa tentativa ilusória de mudar a situação. Coisas como “Se eu não tivesse deixado ela sair de casa” ou “Se eu o tivesse levado ao hospital antes” entre outras possibilidades.

O Quarto estágio é o mais preocupante. A Depressão. Este estágio que pode durar meses, até mesmo anos ou em casos mais graves pode ser o último estágio, impedindo a pessoa de chegar no 5º estágio, que é a aceitação da morte.
Nele existe um grande sofrimento, uma tristeza imensurável que impede o enlutado de seguir em frente. Essa dor funciona como um “combustível” para a depressão. Choro copioso e frequente, isolamento dos demais membros da família e da sociedade e uma saudade que não passa são os sinais de que a fase da depressão chegou.

Quando se percebe que a pessoa já passou mais de um mês nesse estágio, elas precisam, via de regra, procurar ajuda psicológica para passar ao próximo estágio.

O último estágio, como escrevi acima, é a aceitação. Nessa fase a pessoa percebe a nova realidade, entende que a pessoa amada não vai mais voltar e que sua vida precisa ser ajustada para essa nova realidade e seguir em frente.

Depois que toda angústia e os demais sentimentos negativos passaram, fica uma sensação de paz, de entendimento que a vida segue o seu rumo.

É importante lembrar que a aceitação não apaga a pessoa querida da sua vida, não apaga as boas lembranças e nem vai acabar com a saudade, isso vai permanecer para sempre, pois pessoas queridas sempre fazem parte da nossa história.

Boa Semana e até a próxima!

Fobia Social

Por sermos seres sociais, todas as áreas de nossa vida se desenvolvem através de relacionamentos. Seja na família, no trabalho, na escola ou faculdade e até mesmo em momentos de lazer, quando pessoas desconhecidas acabam cruzando nosso caminho.

Os portadores da fobia social ficam ansiosos, ou até mesmo com medo de algumas, ou todas, essas situações, nas quais precisam lidar com outras pessoas. Eles evitam o máximo possível ou suportam com muita dificuldade e angústia quando essas situações sociais são inevitáveis.

De acordo com pesquisas realizadas anteriormente, cerca de 13% das pessoas possui, ou já teve fobia social.

Crianças tímidas demais podem criar adultos com fobia social, mas ela também pode aparecer mais tarde, na puberdade ou ainda na fase adulta.

Uma das razões que levam a pessoa a se tornar socialmente fóbica é a cobrança própria em excesso, fazendo com que ela se preocupe demais com suas atitudes e como as outras pessoas podem enxerga-las.

Essa cobrança acaba causando ansiedade exacerbada e consequentemente transpiração em excesso, tremedeira, perda de raciocínio, ficar vermelha e se precisar falar, pode apresentar gagueira e até mesmo ter ânsias de vômito

Além dessas sensações físicas internas, a percepção de que as pessoas que estão o vendo naquela situação, torna tudo ainda mais difícil.

Pode-se notar a fobia social quando o indivíduo apresenta os sintomas apenas em situações que envolvem público, mas que não o afetam em ambiente privado.

Por exemplo, uma pessoa que domina sua área de atuação e é capaz de expor todas as suas ideias e projeto para o seu gerente em uma sala fechada ou por vídeo, mas que não consegue repetir a explicação em uma sala de reunião com todos os funcionários da empresa.

Em casos mais extremos, até mesmo comer em um restaurante cheio pode trazer consequências desagradáveis e o indivíduo tende a achar que está passando vergonha e que todos estão olhando para ele.

Por vezes o sujeito não sabe, ou não aceita sua condição e não reconhece que precisa de ajuda ou que seu medo é irracional e excessivo.

Para garantir que o paciente precisa do tratamento para a fobia e não esteja apenas passando por uma fase ruim, é importante que os sintomas estejam presentes por pelo menos seis meses, que sejam percebidos em duas ou mais situações sociais e que essas situações efetivamente não apresentem riscos reais para ele.

Se vê nessa situação e se sente desconfortável? Quer melhorar a qualidade de vida?

Comece já a fazer terapia!

Boa semana!

Terror Noturno

É absolutamente normal os pais se desesperarem e se preocuparem quando escutam gritos desesperados e um choro constante vindo do quarto dos filhos pequenos.

E ao entrar no quarto perceberem que a criança está sentada, com os olhos arregalados, suando e com o coração disparado.

Apesar de inquietante, esse é o maior sinal de que a criança está experimentando os sintomas do terror noturno, que apesar de assustador, é relativamente comum e não oferece nenhum risco emocional ou neurológico à criança.

Diferente dos pesadelos, que podem ser revividos depois que a pessoa acorda, o terror noturno se assemelha mais com o sonambulismo e a criança afetada não se recorda de nada do que aconteceu durante o episódio, isso porque apenas algumas áreas do cérebro despertam, mas o corpo, na sua totalidade, não tem essa percepção.

Justamente por isso, é inútil tentar falar com a criança, chacoalhar ou tentar acalmá-la, visto que durante o terror noturno, ela ainda está dormindo.

Apesar das crianças, entre 2 e 6 anos serem o público mais atingido pelo terror noturno, ele pode aparecer em crianças maiores, adolescentes e muito raramente em adultos, normalmente aqueles que viveram essa situação na infância.

E porque as crianças vivenciam o terror noturno? Normalmente são situações, traumáticas ou não, pelas quais elas passam durante o dia, ou lembranças traumáticas recentes que perturbam, inconscientemente sua vivência diária.

Os episódios não costumam ser tão frequentes, podendo aparecer a cada 15 dias e com duração rápida, normalmente menos de 10 minutos.

Em casos de traumas graves, nos primeiros dias a criança pode experimentar, inclusive, mais de um episódio na mesma noite, mas essa situação é mais incomum.

Por não ser necessariamente um problema, não há um tratamento específico para o terror noturno, os pais ou irmãos mais velhos precisam apenas esperar o momento passar e voltar a criança para a cama, ou deitá-la novamente para que possa dormir tranquilamente de novo.

Mas existem alguns cuidados que precisam ser tomados, como por exemplo manter objetos cortantes longe do alcance das crianças, portas e janelas fechadas, por vezes, inclusive, tirar a chave da fechadura, porque, lembrem-se, a criança está dormindo, apesar de eventualmente estar caminhando pela casa ou pelo quarto.

Em casos onde o terror noturno se torna muito frequente, faz-se importante a busca por um psicólogo ou psiquiatra, não para resolver a questão do terror noturno em si, mas para descobrir a sua causa e trabalhar, em terapia, para que o problema seja resolvido e a criança, ou paciente, possam ter uma noite de sono mais tranquila.

Caso estejam vivenciando uma situação assim em casa ou na família, não se desesperem, apenas cuidem para que os pequenos não se machuquem e tenham paciência, essa é uma fase que vai passar.

Ótima semana a todos!

Aerofobia

Se você acompanha com frequência meu blog, vai lembrar que há pouco tempo escrevi sobre amaxofobia, o medo de dirigir ou estar dentro de um carro.

Hoje o tema é aerofobia, ou o medo exacerbado de voar dentro de um avião.

É importante dizer que a aerofobia é bem diferente do simples medo de andar de avião, medo esse partilhado por uma a cada quatro pessoas no mundo, aproximadamente.

A aerofobia pode ser um fator limitante e prejudicial para a qualidade de vida do portador, pois pode prejudicar sua vida profissional, tendo que abrir mão de cargos melhores que envolvem viagens longas que só pode ser feitas por avião e até mesmo a vida pessoal, uma vez que não consegue fazer longas viagens mesmo em suas férias.

A melhor maneira de tratar a aerofobia é com a terapia comportamental, por vezes acompanhada de medicação, indicada por psiquiatra, para aliviar a ansiedade momentos antes e durante o voo.

A terapia comportamental aos poucos vai mostrando ao paciente o quão seguro é esse meio de transporte, desde o caminho ao aeroporto, passando por suas dependências, até a aeronave, também é recomendado que em suas primeiras experiências o paciente esteja acompanhado na viagem de pessoas em quem confia.

Para o primeiro voo e os seguintes, até que o transtorno esteja curado, além da terapia é importante que o paciente esteja preparado para a jornada. Que tenha uma noite de sono boa, mesmo que com a ajuda de medicação, leve consigo remédios para enjoo, conheça bem a aeronave e o aeroporto, facilitando assim seu entendimento e gerando confiança.

A aerofobia também pode estar muitas vezes atrelada a outras fobias e transtornos, como por exemplo a agorafobia e a claustrofobia, além do transtorno de ansiedade generalizada.

Alguns fatos também podem ser responsáveis pela fobia, como a falta de controle sobre a situação. Dentro do avião todos os passageiros ficam sob a responsabilidade de outras pessoas, como o piloto, copiloto e os assistentes de voo e pessoas controladoras tendem a ter dificuldade nesses momentos. O medo de falhas mecânicas, ou acontecimentos naturais, como tempestades, também afetam a confiança do sujeito e causam a fobia.

Alguns sinais físicos estão presentes nessas pessoas, tais como sudorese excessiva, taquicardia, problemas gastrointestinais e emocionais, como ansiedade generalizada e pânico.

A aerofobia atinge pessoas de todas as faixas etárias e ambos os sexos, portanto se você sente medo de voar e já perdeu oportunidades de se divertir ou evoluir profissionalmente, procure ajuda!

Boa Semana!

Lacan

Jacques Lacan foi um médico francês, nascido em 1901, que se interessou pela psicanalise através do estudo da teoria de Freud.

Porém, logo no início dos seus estudos chegou à conclusão de que o pilar fundamental para o conhecimento do inconsciente seriam a linguística e a lógica, diferente do que foi descrito por Freud, que considerava a biologia como fundamentação para o inconsciente.

Após chegar a sua conclusão ele escreveu o que seria a sua frase mais conhecida: “O inconsciente é estruturado como uma linguagem.” E, portanto, a linguagem começou a ocupar o espaço principal nos seus estudos e trabalhos clínicos.

A partir disso, ele entendeu que o inconsciente e não o ego é a força dominante da estrutura mental do sujeito e que, portanto, o ego é impotente frente ao inconsciente. Sua teoria diz que a mente humana vive em eterno conflito entre as instâncias e que só se sustenta por meio de artifícios, como por exemplo a alienação.

Diferente de outros teóricos, Lacan difundiu suas ideias e conceitos através de seminários, conferências, entrevistas e outros meios, sempre de forma oral. Os livros que tratam das suas ideias são transcrições desses eventos. Por isso não são tão ordenados e levam a uma profusão de invenções, fórmulas, teorias e viagens culturais.

Com relação à educação e interações socias, também há uma grande diferença entre os pensamentos de Lacan e Freud. Enquanto para Freud a estrutura social era orientada pela figura paterna, Lacan insere também a escola e outras interações socias como responsáveis pela formação da personalidade, deixando assim uma ideia mais linear e menos rígida para o entendimento de cada indivíduo.

Para a psicanálise Lacan trouxe o silêncio como parte importante de seu trabalho. O silêncio do terapeuta, do paciente, a ansiedade pelas respostas e o aprendizado de ouvir a si mesmo. E ainda definiu o silêncio de duas maneiras diferentes, o sileo, que seria o silêncio profundo, a ausência de palavras para descrever algo e o taceo seria a palavra não dita, aquela que existe mas o paciente, ou o terapeuta preferem não dizer naquele momento, mas que são expressadas por outras forma de linguagem, como a corporal, a inquietude e o ato de ser propositalmente silenciado por alguma coisa ou alguém.

Para algumas pessoas essa linha é interessante, mas para outros pacientes é difícil lidar com o silêncio e é mais adequado encontrar um trabalho terapêutico mais dinâmico.