Quando eu era um Menino, lá no Colégio Assunção, sempre tive muitos amigos e colegas. E sempre fui gordinho e branquinho, às vezes até rosado. Principalmente quando jogava bola, o que acontecia o tempo todo.
E, nesse período, tive vários apelidos: Gasparzinho, Porquinho, Rabicó, que depois, sabe-se lá porque virou Dabi e assim por diante. Eu nunca cheguei em casa chorando, nem triste, nem me considerava excluído, pelo contrário, entre nós havia amizade e respeito, apesar das brincadeiras.
Isso sem contar que eu fui bolsista, em um colégio nos Jardins. Usava calça com couro no joelho e só levava lanche, porque não tinha dinheiro para comer na lanchonete.
Hoje, diriam que as brincadeiras e apelidos são bullying, que eu era discriminado e me convenceriam de que eu não era feliz.
E certamente eu acabaria concordando, mudando a minha forma de enxergar a situação e me recusaria a aceitar as brincadeiras, me isolaria e o resultado seria um aumento nas gozações e viriam situações constrangedoras. Eu iria reclamar, começaria a não querer ir para a escola e talvez nem estivesse aqui para escrever hoje. O Pessoal da diretoria iria ameaçar os responsáveis por me causar esse transtorno e eu começaria a receber ameaças e a ser agredido cada vez mais, só que agora por grupos e provavelmente até fisicamente. O Medo faria com que eu me calasse e preferisse não contar nada a ninguém, pois as ameaças seriam cada vez maiores…
E hoje, ao invés de ter batalhado para construir uma história, eu poderia me contentar em ser mais uma vítima, em viver apoiado em uma desculpa, que, sim, seria real, mas que fora construída sobre uma mentira.
Hoje falam muito de bullying e por isso mesmo ele aumenta, ele resiste, ele se espalha. Primeiro porque é muito mais fácil ver dessa forma e deixar tudo mais chato, simplesmente transferindo a responsabilidade para os outros e segundo porque tudo que é moda, por pior que seja, se torna legal. Hoje a agressão é gratuita, sem sequer ter sentido e sem ter conotação de pura brincadeira.
Vamos viver mais e deixar viver, vamos conhecer mais e abrir as janelas para que todos tenham suas experiências. Vamos parar de incentivar as pessoas a se sentirem “coitadinhas” e vamos ensiná-las a lutar e revidar, com o mesmo sorriso no rosto.
Afinal, viver é tão bom e é algo único para que as pessoas percam o seu tempo excluindo-se dos bons momentos por serem levadas a acreditar que não deveriam estar lá.