Sabemos que todo mundo tem vários sentimentos e sensações diferentes durante o dia. Pode ser uma preguiça logo depois que acordar, ansiedade para não se atrasar para um compromisso, medo de pegar trânsito, impaciência e impulsividade ao ver alguém andando lentamente à frente, amor ao ver um cachorrinho ganhar uma tigela de ração na rua, amizade ao cumprimentar o porteiro do prédio onde trabalha, respeito ao encarar o superior imediato ao entrar no escritório, excitação ao ver os olhos do diretor concordando com suas palavras, alegria ao receber um elogio e extravasar a felicidade em um happy hour com a galera, para chegar em casa se sentindo cansado, mas ao mesmo tempo grato por mais um dia.
E ainda podem existir vários outros sentimentos no caminho, como a saudade ao passar por um local que lembra uma pessoa amada que se foi, tristeza por não poder ajudar um andarilho que parece faminto, mas longe do seu alcance, entre outras centenas de sentimentos que nem percebemos.
Somos máquinas do sentir, e cada sensação gera as nossas ações.
Mas, o sentimento que faz muita falta para as pessoas é a empatia. Empatia para entender que todas as outras pessoas ao nosso redor passam pelo mesmo turbilhão de sentimentos diários e não temos a menor ideia de seus motivos para sentirem assim.
Não há como saber porque alguém anda devagar à sua frente, nem porque uma pessoa esteve chorando, nem o tamanho da dor da colega que acabou de bater o dedinho na quina da porta.
Não é possível sentir nada pelo outro, até quando falamos que sentimos muito pelo que o outro está passando, falamos baseados na forma que nos sentiríamos se estivéssemos no seu lugar, pois cada um sente diferente, internaliza diferente e se expressa de forma diferente.
Para uns a ansiedade pode se manifestar como uma faísca, para outros, só quando o fogo já estiver alto. Algumas pessoas enxergam a felicidade nas coisas mais simples, já outras só se sentem felizes com extravagâncias, tem gente que se intimida na presença de uma pessoa, já outros se expressam bem quando confrontam apenas uma ou duas pessoas, mas ficam envergonhados na presença de três ou mais…
Ou seja, sentimentos são abstratos, não podemos pegar nas mãos e modelar e depois de modelados entregar para que outros sintam da mesma forma.
A sua dor pode ser a razão de uma vida ser salva, suas lágrimas podem ser o sorriso de uma mãe que temia perder o filho, seu medo pode ser a coragem que alguém estava precisando e assim podemos seguir infinitamente.
Não julgue alguém pela sua própria regra, pelas suas próprias medidas, procure conhecer, entender e ter empatia se precisar emitir um julgamento, mas via de regra, simplesmente não julgue, viva a sua vida, sinta, expresse do seu jeito e deixe os abstratos dos outros sem forma nenhuma…