Não tenho tudo o que eu quero, mas tenho muito mais do que eu preciso.
E quando quero algo, procuro me esforçar ao máximo para obter, mas depois parece que não sinto a mesma necessidade daquilo, do que quando ainda não tinha.
Posso ter um casamento maravilhoso, mas parece que as pessoas de fora o enxergam muito melhor do que eu. Posso ter os filhos que eu sempre sonhei, mas me sinto incapaz de fazer por eles tudo o que eles precisam, apesar de em momentos eles pedirem para eu parar de tentar agradá-los.
Posso ter um carro bacana e ainda assim, quando tenho vontade, o que é comum porque nada me agrada, troco por um mais legal ainda.
Reúno meus amigos para churrascos em casa em alguns fins de semana e todos sorriem muito e se divertem, menos eu. Mas como não sei porque, sempre digo sob um sorriso falso que está tudo bem.
Outro dia cometi o erro de desabafar para um colega do trabalho esse meu sentimento estranho. Disse que não estava feliz com a minha vida, só isso.
Pouco tempo depois comecei a ver as pessoas olhando de forma diferente para mim, com um certo ar de desprezo e raiva.
Ouvi partes de conversas entre colegas cochichando coisas como “O cara reclama da vida com aquela mulher! Deve ter descoberto que é Gay”, “Com aquele carro eu seria feliz até por trabalhar nesse lugar”, “O Cara é chefe, ganha bem e vem com esses papos”.
E foi assim que eu desisti de procurar ajuda.
Não fui capaz e entender o meu erro, eu tinha tudo para ser feliz, eu queria ser feliz, mas não consegui.
Não podia mais comentar nada com ninguém, todos achavam que era frescura, coisa de rico sem nada para se preocupar ou que eu estava falindo e não ia saber viver como pobre, mas não era nada disso.
Eu só não conseguia ser feliz.
Então tentei encontrar a felicidade no fim. Para mim não foi uma questão de desistência, foi uma tentativa desesperada de curar o que eu sentia e mais ninguém sentia por mim.
E foi assim que eu fui embora, não de casa e nem do trabalho, fui embora da vida.
Agora vejo os colegas que me zombavam boquiabertos com a minha decisão, mas ainda assim me culpando e me difamando, pois só poderia ser um covarde para abrir mão de uma vida tão boa. E minha família, que nunca soube o que eu sentia, agora também não consegue ser feliz.
Eu devia ter procurado ajuda. Danem-se se me chamassem de louco, que vissem meus remédios, que soubessem que reservei uma hora na semana para a terapia. Hoje eu sei que se tivesse feito isso, enxergaria os motivos que eu tinha para ser feliz.
Amigos, a depressão não tem idade, sexo, raça, religião e nem classe social. Estamos neste plano para procurar a felicidade, se não conseguimos encontra-la em nada, é hora de procurar ajuda e conseguir ter a vida de volta.
Pensem muito nisso e espero vocês na semana que vem!